sábado, 9 de janeiro de 2010

filmes

Neste ano, nós assistimos dois filmes sobre alienígenas com uma relação forte com histórias de conflitos étnicos entre europeus (ou descendentes de europeus) e outras raças: District 9 e Avatar.
 
Ontem, assistimos Avatar, que é sobre o encontro de humanos e aliens azuis em um planeta coberto de florestas. Os humanos, representados por americanos gananciosos procurando metais preciosos, estavam destruindo a floresta e a natureza com máquinas industriais. Os nativos, grandes aliens azuis e ágeis que moravam em harmonia com a floresta, estavam tentando expulsar a incursão sem começar uma guerra com os humanos, que eles chamavam de “pessoas do céu”. Os avatares eram segundos corpos para um grupo especial de humanos, feitos para conversar com os aliens, aprender a cultura deles e infiltrá-los antes de uma guerra previsível. Um deles ganhou a confiança dos aliens e, no fim, trocou de lado para ajudar as aliens a salvar sua terra e o povo contra os assaltos dos humanos.
 
Minha interpretação do filme é que é uma representação dos pecados dos europeus durante a época da colonização da América e da Austrália. Na realidade, os colonizadores destruíram  os povos indígenas e a maior parte das selvas, e moveram os indígenas que sobreviveram em reservas pequenas, longe de onde eles moravam. Naquele período, essas ações foram justificadas pelo progresso das nações europeias e, depois, pelos novos países pós-colonistas. Muitos anos depois, o povo reconheceu que isso se constituiu de uma grande injustiça e projetos foram iniciados para melhorar a situação dos indígenas que ainda morava nas reservas. Livros como “Bury my heart at wounded knee” foram publicados e conseguiram entrar na lista de livros mais vendidos por muitos anos. “Avatar” é um sonho de redenção dos descendentes europeus - um deles ajudou o povo indígena a resistir a colonização e teve sucesso em expulsar os invasores com más intenções contra o planeta.
 
District 9. Claramente. é uma analogia do Apartheid, a política separatista entre negros e brancos na África do Sul. No filme, os aliens chegam à cidade de Joanesburgo em uma nave enorme e não conseguem concertá-la. A África do Sul acaba confinando os aliens numa favela enorme, enquanto uma mega-corporação tenta descobrir os segredos da tecnologia alienígena. A corporação consegue explorar os  aliens porque o povo do país os vê como feios, mal educados e, principalmente, diferentes. Numa história parecida com Avatar, um funcionário da corporação se transforma em um alien e só assim percebe o que está acontecendo. No fim, ele ajuda um outro alien a concertar a nave e voltar para a planeta dele. Não sabemos se o filme terá continuação.
 
Apesar das similaridades, ambos os filmes apresentam uma imagem das outras raças (aliens) bem diferentes. Em District 9, eles são parecidos como frutos do mar, com pele vermelha e cascas grossas, como camarões. Usam um pouco da roupa dos humanos e geralmente têm uma aparência feia e estranha. A favela dos aliens é desorganizada e falta um governo ou qualquer autoridade, exceto a polícia humana que os prende na favela. Os aliens do avatar, pelo contrário, eram bonitos, elegantes e graciosos. Eles tinham uma sociedade bem organizada e viviam em harmonia entre eles e com seu ambiente. Mostravam as virtudes de confiança, coragem e gentileza.
 
Infelizmente, acho que os filmes mostram as atitudes dos descendentes de europeus em relação aos negros e índios. A imagem romântica na história americana dos índios eram os cavaleiros das regiões centrais, como 'Crazy Horse', 'Sitting Bull' e 'Geranmamo', lutando pelo seu povo com cavalos, carabinas e coragem. Também pensamos no chefe 'Seattle' e seus ensinamentos sobre viver de acordo com a natureza. Sobre os negros, um homem da África do Sul, entrevistado pela NPR, disse que District 9 é uma imagem da Apartheid 'pelos olhos de um branco’. Enquanto esses filmes de 2009 chamaram a atenção sobre as injustiças do passado, eles não conseguiram escapar dos preconceitos raciais das suas culturas e não apresentaram uma idéia equilibrada da diferença entre os povos.